sexta-feira, 6 de março de 2009

Insônia

04:15 da manhã. Começo a escrever esse post sem saber quando, e SE terminarei. A falta de sono me atinge na madrugada, e a madrugada me faz pensar. Pensar em quê? Nessa hora a mente fica livre, tudo e nada passam no complexo labirinto interno que cerca a fonte da imaginação. Não estou sobre efeito de entorpecentes (alguém pode ter imaginado isso, com certeza), apenas sou capaz de navegar com exímia habilidade pelo mar de minha loucura, acessível à qualquer momento, sem muito tempo pra concentração. Ah como eu a amo! Minha única companheira fiel nessa longa jornada de mais uma noite sem sono.
Amiga da minha pior inimiga...
Olho meu quarto, vejo meu violão encostado num canto, calado. Dele não poderá ser tirado nenhuma palavra pelas próximas horas da penumbra, e primeiras horas da luz. Me prendo em meus livros, meus castelos de papel, cheios de palavras, frases, mensagens, idéias e mandamentos irrevogáveis, tijolo e cimento da construção do meu falso Eu.
Observo a janela - fechada. Por trás dela, não posso ver mas sei, há um céu estrelado. Liberdade. Meus desejos e meus medos se fartam na mais bela mesa de jantar, vibrando com sua união contraditória. Porque está fechada? Porque não me levanto de um salto dessa cadeira, e me atiro em tudo que possa ser alcançado pelos meus membros? Porque troco infinitas emoções pela segurança tediosa do meu quarto?
Se abro essa janela, juro que vou bater na sua.
Me vejo agora, entre o mar e o deserto: Empurrado pela loucura, seguro pela tranca da janela. Meu conflito épico e interminável, meu turbilhão de sensações, meu êxtase de terror! Ah loucura, não me abandone, mas fique longe! Fique à minha sombra, junte-se com a insônia, meu mal terrível e sentença inafiançável.
O Amor. Qual o tamanho da minha loucura, se comparado a ele? Mínimo.
Vem forte, repentino, silencioso, Fatal.
A mim veio na forma de um belo par de olhos castanhos...
Olhos esses perseguidores, contagiantes, que dilaceram meu coração como pedra em vidro!
Aparecem nos momentos mais improváveis, interrompem meu silêncio e meu cárcere.

Maldita insônia, levanta-se agora e começa a partir. Deixa de presente para mim dois ponteiros no relógio, já um tanto baixos. Estes perto do horizonte, quase por tocar o sol, que em breve chegará para me ver dormir...

Encerro portanto, o relato de mais uma noite de olhos abertos; Confuso para vocês, e para mim, que provavelmente não o entenderei por completo quando estiver vestido de lucidez.

Um comentário:

Viviane Ruani disse...

Um tanto complexo, mais muito bonito.